Seminário Antes do Voto debateu candidatura feminina e a importância da representatividade para a democracia

A quinta edição do seminário online Antes do Voto, projeto da Escola Judiciária Eleitoral de Minas Gerais (EJEMG), do TREMG, em parceria com a Associação Mineira de Municípios (AMM), promovido nesta segunda-feira (27), debateu a ampliação da representatividade feminina na políticaum desafio que vai além de recursos para candidaturas e cotas partidárias, ainda mais neste período de isolamento social, em que os papéis de gênero são ainda mais exacerbados.

A advogada Maria Cláudia Bucchianeri destacou que este contexto tem dificultado as mulheres de se engajarem, e que o grande desafio das lideranças políticas, numa eleição como essa, é trazer essas mulheres para o cenário eleitoral num contexto já tão difícil. “Vai ser um desafio pessoal para as que se colocarem na disputa e vai ser uma dificuldade para os líderes dos partidos para que elas não se recolham, para que elas se coloquem já, que o peso não está sendo suportado de uma forma igualitária nos lares brasileiros”, disse.

A subrepresentação feminina na política foi muito discutida durante o seminário, e Maria Cláudia Bucchianeri destacou que isso coloca o Brasil numa posição vergonhosa quando comparado a outros países do mundo. E alertou que é importante superar essa condição. “Porque a Justiça Eleitoral não dá nenhum sinal de que vai ser conivente com listas partidárias que não entreguem ao menos 30% de um dos gêneros, candidaturas reais, em condições de disputas, recebendo proporcionalmente verbas. Não adianta listagem com mulheres que não tiveram nenhum voto, ou um voto, que não tiveram campanha ativa nenhuma”. “Porque se assim não for, cai a lista toda do partido, e se a eleição já tiver acontecido, caem todos os candidatos”, alerta.

assessora de ministro do TSE e co-fundadora da Associação Visibilidade Feminina, Julia Barcelos, destaca que é necessário reconhecer que o número reduzido de mulheres eleitas passa por questões como o papel social, a formação de capital social voltada predominantemente para privado, e que nessa pandemia se exacerba. Mas eu não acho que seja esse o papel mais determinante, porque nós temos  cerca de 40% de filiadas nos partidos políticos, então é um numero muito relevante de mulheres e que não corresponde de forma alguma ao numero de mulheres eleitas”.

Ela destacou que é necessário tornar viável a candidatura de mulheres. “Dos 33 partidos registrados no TSE, apenas quatro possuem mulher na presidência. E na composição das comissões, dos 27 partidos que têm atuação no Congresso Nacional, a média de membras é de 20%”, diz. “As mulheres querem ocupar esse espaço, elas tem total capacidade e interesse político. Mas elas precisam de recursos de visibilização dentro e fora do partido, e por isso que foi tão importante a decisão do STF e do TSE, que garantiu que, além do número de candidaturas de mulheres, que elas tivessem acesso a recursos e tempo de televisão proporcionais”, destacou.

Julia ressaltou ainda que com a baixa representividade , a gente perde na qualidade da nossa democracia.  Ela falou ainda do guia acessível para a candidatura das mulheres produzido pela Associação Visibilidade Feminina. Clique aqui e acesse.

A mediadora Débora do Carmo Vicente, coordenadora da Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul, destacou que não existe um gene nem uma correlação entre gênero e competência em nenhuma área.  “A universidade do sul da California detectou que, por a mulher não estar acostumada a esse ambiente de poder, ela vai tomar uma decisão mais técnica, a mulher toma uma decisão muito mais baseada na ciência. Nós só teremos igualdade  quando tivermos sim mulheres medíocres no poder, assim como temos homens medíocres”, finalizou.

Clique aqui e assista na íntegra o debate.

Seminário Antes do Voto

Com caráter informativo, a cada edição o projeto trata de temas eleitorais de interesse de diversos atores do processo eleitoral, como candidatos(as), dirigentes partidários, advogados(as), contadores(as), jornalistas, policiais militares e políticos(as), de maneira geral. O objetivo é capacitar esses atores para que participem, de forma segura e preparada, do processo eleitoral municipal de 2020.

Transmitido por meio de plataforma virtual, o evento faz parte das edições do Projeto ANTES DO VOTO, com eventos totalmente online, respeitando as orientações para este período de isolamento social. As palestras acontecem de 6 de julho a 31 de agosto nos canais da AMMTV (aqui) e do Facebook da AMM (aqui),  e também pelo canal do YouTube do TRE-MG (aqui).